Eu te olho como te olhei quando começamos a nos olhar com aquela retina que por brilhar já entregava os detalhes do que havia por traz. E hoje, eu vejo nesse mesmo olhar tudo o que está por traz e o que ficou pra traz. Vejo o nada que mudou o nosso tudo. Vejo o tudo que se tornou mais ainda. Aqui, neste lugar, sem lugar passado, presente e futuro são contemporâneos e desabam para o interior do seu próprio excesso de existência. Então observo tudo o que nos foi presenteado, desde os males até os mais sinceros sorrisos. Guardo. Mas a mágoa persiste, resplandece na desordem. Os meus olhos que já não são veem agora tudo o que foi, tudo o que poderia ser, tudo o que é. Concentro-me no que é! em meio a toda alegria, em dias chuvosos reflito sobre todos as lágrimas escorridas e concluo que nunca houve chuva, só as nossas lágrimas, às lágrimas de que fujo, uma vez mais, para o colo espelhento da nossa amizade imanente, moribunda, imortal... Eu quero tanto agora dar-te o amor total e infantil que tenho pra te dar, aquele mais ingênuo, o mais delicado, doce, prazeroso e forte. Quero te amar, me dedicar a você em cada suspiro, palavras, momentos. E esse será o meu objetivo até nos concretizarmos no sempre.